sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Mistério dos Escavadores



O Sol já ardia sobre nossas cabeças quando caminhávamos para o ônibus escolar como condenados, os bancos com couro sintético rasgados pareciam estar em brasa, mas mesmo assim nos sentamos, eramos os dez  melhores alunos de geografia da sétima serie, e por isso fomos escolhidos. Estávamos indo á um sitio arqueológico, para escavar e nós sujarmos sem menor necessidade, bom pelo menos eu achava isso. Eu estava indo para acompanhar minha irmã, que é louca por arqueologia, múmias e tumbas.

Quando já estávamos todos sentados a professora entrou no ônibus, como se não estivesse satisfeita por perder seu sábado de sol, ela apenas olhou para nos por cima de seus óculos fundo de garrafa e fez a chamada. Três minutos se passaram e um idiota no ultimo banco começou a cantar a musica dos elefantes que incomodam muita gente, mas coincidente mente ele era exageradamente gordo e nós incomodou por exatamente trinta e cinco minutos, segundo meu celular monofônico.




 Ao chegar nós deram um kit, contendo uma pequena pá e um tipo de espanador, o que queria dizer que colocaríamos as mãos á obra, ou na terra árida... Minha irmã achou o máximo, tirou um caderno, um livro e até mais alguns apetrechos de dentro da bolsa. Enquanto eu me recostei em uma pedra que tinha capim seco em volta, para ler um dos meus memoráveis livros de auto ajuda.

Passaram-se algumas horas, minha irmã me chamou e apontou um lugar ao longe que parecia uma montanha de areia, eu lhe olhei querendo dizer "Não! não vamos até lá!", mas ela é muito teimosa, largou suas coisas ali mesmo e saiu andando em direção da mini montanha.

Fomos caminhando, até começar a perceber que a montanha de areia não era tão pequena assim, devia ter uns seis metros, ouvi um dos garotos de nosso grupo nós dedurar para a professora, e antes que ela olhasse minha irmã me puxou pelo braço para atrás de algumas pedras, nós demos a volta por elas e achamos um tipo de entrada, era escuro la dentro quase escuro demais para um dia ensolarado, dos dois lados do "buraco" haviam arbustos espinhentos, como se aquele local não devesse ser achado... Mas foi, e bem pela minha irmã uma aspirante a exploradora de tumbas. Ela desceu cada degrau bem devagar, fazendo bastante suspense, e eu a segui depois de dar uma olhada rápida para a professora e gritar um "estamos aqui!" e apontar.

A escada não era muito longa devia ter uns dez degraus inclinados, e eu a desci bem devagar, minha irmã me esperava quase no final de frente á uma entrada quadrada, era como se todo o local fosse feito de terra. Como minha irmã havia deixado sua mochila para trás, só nos restou o meu celular com sua luz fraca e azul. Eu o apontei para todos os lados e achei uma placa amarela, com um escrito em vermelho vivo.

"É proibido escavar neste local, perigo de contaminação e ferimentos graves"

Eu logo falei para minha irmã que deveríamos ir embora, mas ela nem me deu ouvidos, estava agachada em um dos cantos mais escuros, imóvel. Eu caminhei devagar até ela, apontando a luz azul para o chão, me certificando dos buracos ou lagartos que existiam na região. Quando apontei a lanterna para o canto onde minha irmã estava, me deparei com ela virada para mim, os olhos em alerta, ela estava sendo agarrada por trás por um homem alto, com um saco de estopa amarrado na cabeça. Ele tapava a boca dela, e em seguida fez um gesto com a mão que me pedia calma.

Mas eu não tinha nada de calma, eu estava aflita, o que estava acontecendo?!! Eu entrei em panico  e corri para todos os lados para tentar achar a saída, mas ela havia sido fechada, em algum momento quando eu me concentrei no chão. Eu voltei a luz para ele, e ele estava apontando com o indicador para sua esquerda, eu iluminei naquela direção e achei outra placa, esta era de papelão escrita com uma tinta vermelha... que parecia sangue :

NÃO GRITE ! NÃO FAÇA MOVIMENTOS BRUSCOS!
Risco de desmoronamento.

Mas também havia outra coisa escrita em baixo, em letras muito menores, era algo como"Não peça ajuda..."
Eu procurei novamente por minha irmã e a figura sombria, e a achei apenas ela jogada no chão, com os pulsos cortados, e apesar disso ela estava viva e bem, fizemos um curativo com um pedaço da minha blusa, e então começamos a tatear as paredes tentando achar a saída, que para nossa infelicidade estava coberta por uma placa de madeira meio corroída pelo tempo, era pesada demais, e não conseguimos afasta-la.

Então nós gritamos, o mais alto que pudemos para que as pessoas que estavam um metro de areia acima de nós nos ouvissem. Mas deveríamos ter feito o que as placas mandava, de repente um liquido começou a gotejar em algum lugar daquele buraco, eu apontei a luz em volta e tomei um susto quando me deparei com quinze pessoas em volta de nós, entre mulheres e homens com sacos em suas cabeças, eles estavam agitados, eles corriam em direção das paredes, e começaram a cavar com as mãos, eu podia ouvir o som das unhas sendo arrancadas, e os gemidos de dor, mas ninguém gritou.

No fim estavam com as mãos em carne viva enfiados em buracos na parede. Eu procurei um motivo, para todos nós estarmos presos ali, eu apontei a luz para o teto, algo que eu não tinha feito antes, e acima de minha cabeça, á sessenta centímetros tinha uma placa toda furada, talvez ela estivesse ali para conter a terra. Mas quem dera fosse, quando abaixei meu rosto algo pingou em nele, e ardeu, como se eu acabasse de me queimar, mas era um liquido. Eu ouvi um barulho como se fosse uma mangueira se enchendo de água, e nos momentos seguintes eu e minha irmã definhamos e gritamos enquanto um liquido derretia nossa pele, saído de cada um dos buracos no teto como se fosse um chuveiro de acido sulfúrico, no momento seguinte sentimos alivio, quando o que parecia ser água jorrou pelos mesmos buraquinhos. Eu estava em um canto encolhida tremendo, e minha irmã estava jogada no chão estirada, talvez morta. Meus olhos estavam acostumados com a luz e com a dor das queimaduras.

Mas ela se levantou e como se estivesse sonambula foi em direção ao homem alto encapuzado, que esperava de braços abertos para abraça-la... Em seguida ele colocou um saco de pano em suas mãos, ela tocou seu rosto deformado e irreconhecível. E então colocou o saco na cabeça e o amarrou. Eu estava com medo, mas senti como se aquelas pessoas fossem me acolher, como se fossem vitimas como eu. Então me levantei também, andei em direção do cara alto, que me esperava também de braços abertos. E então vi uma luz muito forte sendo apontada para meu rosto, não entendia de onde ela vinha, mas bem longe eu ouvi alguém chamando por mim...

-  Clara? Clara você esta bem.... Graças a Deus acordou... -  Ela acordou!! - ( Gritou a voz).

Meus olhos estavam embaçados, quanto mais eu piscava mais eles desembaralhavam, logo pude ver com clareza, eu estava em um hospital, deitada em um leito, e minha mãe estava sentada na cama.

-  O que aconteceu? - ( Perguntei com a voz rouca )

-  Filha, você se sentou perto de um buraco cheio de escorpiões, e foi picada muitas vezes, o veneno fez você desmaiar e como sua irmã disse "estrebuchar". Te trouxeram para o hospital e ligaram para mim e para seu pai... e estamos aqui.

-  Mas e a Jéssica? Onde ela está?

-  Sua irmã esta bem. Ela disse que quando ela olhou para você, você estava tendo um ataque e ela entrou em pânico... Na verdade a sala de estar esta cheia com seus colegas... Vou pedir para ela entrar.

Depois de uns minutos minha irmã entrou no quarto ainda de mochila, eu levantei o braço para toca-la mas notei uma agulha de soro dentro de mim e abaixei o braço com agonia.

-  Oi... esta bem agora, não é? - ( Ela perguntou já dando sua própria resposta )

-  Sim, acho que sim. Tive um sonho muito louco, parecia mais real do que o normal.

-  Você estava alucinando - ( Ela acrescentou )

-  Hum, me desculpe estragar sua excursão...

-  Ah tudo bem, não tinha nada naquela terra seca mesmo...

-  Então você não achou nada antes de eu ter um treco?

-  Hum, achei sim - ( Ela tirou a mochila das costas, pegou uma sacolinha de mercado, e tirou de dentro dela algo bizarro... )  -  Achei esse saco de pano, meio sujo de tinta vermelha, com o que parece uma falange dentro, pensei em jogar fora mas, é meu primeiro achado arqueológico.

Naquele momento senti minha cabeça girar, fiquei fraca, branca e então desmaiei em um buraco profundo, ouvindo Jéssica gritar para alguém no corredor.

-  Ela esta desmaiando!! Peçam ajuda!!








Curiosidade Macabra da Creepy :  Eu realmente sonhei que estava levando uma chuveirada de acido sulfúrico com a minha irmã em uma caverna... Estava tentando arranjar um meio de fazer desse pesadelo uma creepy... Espero que gostem ^-^




7 comentários:

  1. O.O Wowowowow!Foi divertido enquanto durou ^-^ Sabe a parte das plaquinhas?Me lembrou a atmosfera de Silent Hill e me inspirou a querer escrever uma Creepy com esse clima,tipo lanternas,escuro,lugares sozinhos e acabados,desertos,com insetos e desérticos,habitados por criaturas tenebrosas e de aparências tão monstruosas que seriam inconcebíveis à imaginação... O.O
    Gostei do lance das placas,do saco de estopa,da chuva ácida,das pessoas cavando até suas unhas separarem-se da carne...Isso é algo que eu repúdio;deve ser uma dor terrível,me dá medo.Mas,não entendi o por que do desmaio da garota quando a irmã mostrou o saco de estopa...Pode esclarecer essa obscuridão?Ah,eu lembrei de quando cê me contou da sua mana,enquanto lia a Creepy,yuup ^-^

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hum... acho que ela desmaiou pq... ela tava fraca por ter sido quase morta o.O
      Mas sei la... acho que foi o choque de ter sonhado com fantasmas das pessoas que foram mortas soterradas em uma escavação por ali =X oh droga...

      Excluir
  2. MUITO bom cara nossa uma das melhores que já li *-*

    ResponderExcluir
  3. Muito bom.


    ~Demorou mas saiu post novo :)~

    ResponderExcluir
  4. Ahh, Claudia, já te disse que você é a melhor escritora que eu já vi?
    É sério, tudo tem uma atmosfera tão assustadora, o estilo sempre é o mesmo, só que com alguma coisa "a mais", sempre surpreendendo e nunca desapontando os leitores. Realmente parabéns.

    PS: e lembra, se algum dia pensar em escrever um livro, avisa aqui no blog, que eu vou ser o primeiro a comprar, ;)

    ResponderExcluir
  5. Eu realmente estou pensando em escrever um livro de contos inéditos.... foda é ninguém comprar U.U

    ResponderExcluir