quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Alma Penada






Está escuro.

Sabe quando você não sabe onde está ou como você chegou lá, mesmo as coisas mais simples podem parecer extremamente assustadoras.

Assim foi que, quando Walter acordou, de sua inconsciência, tudo estava confuso e nebuloso, a única coisa que ele viu em torno de si era trevas. Uma escuridão tão espessa e opressiva que poderia ser um cobertor - talvez tivesse sido mesmo, pois tudo o que o menino sabia er5a que estava desorientado. Um farfalhar rápido em torno de si imediatamente o deixou claro que não, ele não estava preso ou coberto por alguma coisa em particular - era só o ... escuro.





Ele havia acordado há alguns minutos, e seus olhos ainda não haviam se ajustado ao escuro, como fariam normalmente. Em sua mente, Walter racionalizou que isso deveria significar que onde quer que ele estivesse havia uma verdadeira e completa ausência de luz - não havia nada para que os olhos tentassem se adaptar, portanto, ficar esperando na esperança de que ele de repente fosse capaz de ver para onde ia, era um esforço bastante inútil.

Ele levantou-se cambaleando, e estendeu a mão para tatear alguma coisa - o quê? Um muro? Poderia estar em qualquer lugar.  Não sentiu nada nas pontas dos dedos, além da parede áspera e fria. Depois de um momento embaraçoso do balanço de desorientação, Walter provisoriamente deu alguns passos em frente. Ele não lhe ocorreu  que estivesse andando para um lugar especifico , então ele continuou andando, lentamente, e com uma mão à sua frente e uma para seu lado - apenas no caso de sentir algo a sua frente, mais não havia.

Horas se passaram e ele ainda andava. Ou pelo menos, ele achava que estava fazendo isso – na escuridão total, sem rumo sem sinal de sol ou da lua, foi um pouco difícil descobrir exatamente quanto tempo ele tinha sido ficado neste... lugar . Mas Walter sabia que, logicamente, se ele só continuou a andar, ele acabaria por acabar... em algum lugar. Mesmo que fosse um beco sem saída, pelo menos, seria reconfortante ter encontrado algo concreto e real nesse lugar estranho.

Obviamente, ele estava cansado. Ele deveria ter andado todo o dia - ou noite? Bem, de qualquer forma, foi por um longo tempo. Ele se deita no chão, caindo um pouco rápido demais, e sentindo que seu grito saia pela garganta causando lhe um certo impacto. É então que ele percebe que ele não tinha tentado falar ou gritar até agora - esse foi o primeiro barulho que ele tinha feito e ouvido durante horas. Como um bobo soltou um – Olá? Para se certificar se havia alguém por perto, alguém perdido na escuridão, que poderia ajudá-lo? Cautelosamente, Walter grita novamente e pergunta: "Olá?" Ele é surpreendido por duas coisas - primeiro, que sua voz já estava tão enferrujada e gutural por ter passado apenas um dia de solidão, e em segundo lugar, e mais importante, que o som de sua voz não ecoa. É imediatamente engolido pela escuridão mesma maldita forma que tudo em torno dele foi engolido. Essa constatação causa um arrepio na espinha, e ele tenta se distrair numa tentativa de dormir. Depois de algumas horas deitado no chão úmido e frio, na escuridão silenciosa, ele finalmente sucumbe a um sono profundo e sem sonhos.

Acordou no escuro, tão desorientado quanto da primeira vez, e sente se da mesma forma como da primeira vez, seja lá onde estivesse. Ele anda um longo caminho reto como ele fez no dia anterior, parando apenas quando seu corpo não pode ir além. Ele grita, algumas vezes, mas como sua voz é imediatamente absorvida e ele decide que sua energia deve ser guardada para a sua viagem, ao invés de gritar desnecessário.

Isto continua por algum tempo.

Dias transformam se em meses; meses em anos. E então Walter pensa. Que na verdade, ele deveria ter se iludido e sua percepção de tempo estava tão confusa que realmente deviam ter se passado apenas alguns dias - disse a si mesmo para se acalmar e a sensação de mal estar no fundo do seu estômago passaria, mais só se tornou mais forte a cada passo.

Finalmente, ele desiste. Ele para de andar e se senta, em seguida, cai para trás no chão, olhando para o que deveria estar um céu mais, parecia ser um teto, mas na realidade é apenas mais escuridão.

Sozinho no escuro, sua respiração parou, o mundo calmo e escuro pareceu finalmente confortável, ele ficou em silêncio mais uma vez, e o som do bater do coração de Walter é absorvido pela escuridão.

E isso é o fim da história de Walter.



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Não sei se vocês já ouviram falar disso.
Geralmente são as vovós que fazem isso, acender uma vela de 7º dia, depois que uma pessoa falece, para que ela tenham paz.
Fazem isso porque acreditam que a com a luz o espirito da pessoa querida, conseguira ver o caminho para o paraíso e terá finalmente seu espirito em descanso.

Mas... não é bem assim, estudiosos do espiritismo, dizem que quando se ascende uma vela para um espirito e ele esta na escuridão desorientado, essa vela que você acende em sua casa, realmente traça um caminho...mais é o da luz da vela, que acumula todos esses espíritos bons e ruins, em sua casa. E esses que agora vem a luz e te vem podem ficar com você, a vela de 7º dia dura sete dias, e nessa uma semana pode crer que você vai se sentir mal, e cansado, e sem vontade de viver. Porque esses espíritos se alimentarão de sua força vital, de sua alegria, e de suas orações, e então você fica doente, e nem sabe o porque... mais agora já sabem.

Por isso é muito melhor orar para que a pessoa ache o caminho e que Deus a guie, o que não aconteceu no caso de Walter, que não fizeram nada por ele.





Um comentário:

  1. Consegui sentir a mesma agonia que ele, coitado... Ainda bem que nunca acendi uma vela de sétimo dia e sempre orei

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