terça-feira, 14 de agosto de 2012

9 de Outubro de 1997






Tudo começou com um sonho que tive quando tinha 6 anos de idade.

Nele estou correndo. Sozinha. E decido dar um mergulho em um lago. Onde está a mamãe e o papai? É de noite, ouço as corujas, e sapos coaxando. Algo não está certo com esta noite. Então eu sou sugada pela água, alguma coisa agarra minhas pernas e esta me puxando para baixo... "Socorro!" Eu tento gritar.
Ninguém vem me socorrer. Névoa e nuvens negras fecham minha visão, e ouço uma risada assustadora. Só então eu começo á gritar e, graças a Deus, eu acordo.





Eu estou sentada na cama, coberta de suor, gritando.

Mamãe e papai correm até meu quarto.

"Isabel, Isabel. Qual é o problema? Você teve um sonho ruim?"

Eles me acalmam, me confortam, e eu mergulho em um sono sem sonhos.

Espero nunca mais voltar naquele lago, nem em sonho, aquele lugar horrível. Naquela noite não ouvi mais aquela risada sinistra.

Mas, na noite seguinte. O mesmo pesadelo. E na noite seguinte, e na noite depois disso.
Anos se passaram, e tenho sempre o mesmo pesadelo.

Eventualmente eu aprender a lidar com o pesadelo.

Eu não falo sobre isso com ninguém. Tenho medo do que eles pensam, eu acho.

Quando completei 27 anos, eu sosseguei me casei, e tive filhos.

E continuava tendo o mesmo pesadelo. Toda noite.


No meu aniversário de 28 anos, houve um acidente na casa de meus avós, um incêndio. E meus avós morreram carbonizados, enquanto tentavam sair da casa. Fomos atingidos por uma grande tristeza. Eu e meus irmãos vivemos toda a nossa vida naquela casa, e meus pais também, por isso todos ficamos arrasados.
E observamos a cena em lágrimas, enquanto eles tentavam apagar as chamas.

Um bombeiro veio até nós e nos disse: "Parece que houve uma falha elétrica, e como a fiação é antiga, isso provocou o incêndio. Sentimos muito".

Ele olhou no fundo dos meus olhos, e então sorriu. Ele começou a rir. E o riso, era o mesmo estranho riso em meus sonhos.

Dois meses depois daquele dia terrível, eu fui ao cemitério visitar o túmulo dos avós, e levar-lhes flores.
Meu marido veio comigo, para me dar apoio.

Ajoelho-me ao lado da lápide, e coloco as flores sobre as lápides, quando percebo algo. Á alguns metros da sepultura ao lado da de meus avós, estava uma outra lápide.

Lia-se “Isabel Wilson - 1991-1997".

Era o meu nome. É o meu túmulo?!!.

"Dave, Dave!" Eu começo á gritar pelo meu marido, e quando ele não responde me viro em sua direção.
"Dave!" Ele não estava ali, em nenhum lugar. Ninguem estava.

Corro de volta para meu carro e dirijo freneticamente até a biblioteca.

Sento-me em um computador e digite "Isabel Wilson 1997, morte".

O primeiro artigo, dizia.
“Menina de seis anos chamada Isabel Wilson, se afogou hoje 9 de outubro de 1997, em um lago próximo á sua casa. Seu corpo não foi encontrado”.

Eu saio da biblioteca desorientada. Quanto eu corro da biblioteca para estacionamento, não consigo encontrar meu carro. Na verdade, não há carros em todo o estacionamento, nem nas ruas.

Não há carros na estrada, não há pessoas andando nas ruas.

E quando me viro para encarar a biblioteca.

Está fechada.

É então que eu percebo uma placa na porta.

"Memorial County Library, ficara temporária mente fechada para remodelação.

 DESCULPE PELA INCONVENIÊNCIA".

 Com a data ao lado “11 de outubro de 1997”.

Ainda estamos em 1997?!! Como é isto pode ser possível?

Eu vaguei pelas ruas por alguns dias. Sem sentir fome, sono, ou cansaço. Só havia uma explicação...
Meu pesadelo recorrente, era uma reprodução da minha morte. E eu só percebi isso agora, por isso posso seguir em frente, agora com uma certeza...


Eu, Isabel Wilson, me afoguei no lago da minha casa com 6 anos de idade, em 9 de outubro de 1997.




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