sábado, 17 de novembro de 2012

Minha Espera...Sua Escolha





Como jovens, vivemos nos aventurando em florestas escuras, em casas abandonadas ou em estradas sem fim, mas para nós isso é só pela emoção do momento, de sentir medo, apenas como uma diversão, nada é real, nem verdadeiro. Mas sempre existe aquele momento em que sentimos, que não devemos olhar para trás, sentimos um frio na espinha e começamos a suar, querendo acreditar que é apenas um vento na nuca ou a nossa imaginação. Nós pensamos que talvez não estejamos em perigo, mas algo nos diz que alguem observa ao longe, alguem como a morte, assistindo de longe. Ela mantem seus olhos atentos sobre nós, esperando o dia, em que ira nos levar.

Hoje a morte veio para me buscar.




Eu estava em um barzinho, entre amigos, bebendo e conversando, quando eu vi um homem no outro lado da rua me observando, como se eu fosse uma obra de arte ou uma televisão em que passava um programa muito interessante, eu o encarei e meus amigos me perguntaram para onde eu estava olhando, eu falei “Bem ali, aquele velho me encarando”, mas eles não conseguiam ver o homem, mas ele estava ali, bem ali, eu dei risada dos meus amigos, que deveriam estar de sacanagem com a minha cara. E me virei para pegar meu casaco e me levantei da mesa, disse a eles que iria embora, eu não queria arranjar briga com um senhor de idade, que com certeza devia estar apenas vegetando do outro lado da rua.

Eles ficaram lá sentados tirando sarro de mim, enquanto eu andava pela calçada, sentindo os olhos cansados daquele senhor sobre mim. Eu andei duas quadras e quando eu estava atravessando a rua, eu vi de relance o senhor pelo canto do olho, ele parecia estar me seguindo, eu estava distraído, e quase fui atropelado por um ônibus que vinha rápido demais, acho que o motorista notou que quase me matou, então ele parou o ônibus e desceu parta ver se tinha acertado alguem, mas eu gritei " Hey, tome mais cuidado! Eu estou bem!". Acho que ele não me ouviu...

Eu cheguei a casa da Jenny minha namorada, ela estava estranha, não queria falar comigo, ficava me ignorando, eu fiquei chateado, dei as costas e fui para minha casa... No caminho notei que as pessoas na rua também me ignoravam, mas talvez eu estivesse um pouco bêbado. E ninguém suporta bêbados.

Fazem três semanas que a Jenny não fala comigo, sera que ela terminou comigo? Bom essas semanas que se passaram eu desenvolvi uma rinite violenta, talvez sejam os moveis empoeirados da minha casa, a faxineira também não vem aqui a três semanas.

Ontem eu fui até o campo de futebol atrás do armazém, para ver se meus amigos estavam lá, eu gostaria de ter alguma interação social depois de todo esse tempo, mas parece que todos sumiram... Alias, a cidade parecia um pouco vazia hoje mesmo, talvez seja feriado, e eu nem tenha me tocado, eu ando meio perdido no tempo.

Na volta para casa, eu vi aquele velho, ele estava com um terno preto, e segurando uma bengala, ele parecia mais distinto dessa vez. Ele veio até mim e puxou papo,

 " Olá Jonathan"

"Como você sabe meu nome? Você estava me seguindo é?"

"Mas é claro que sim rapaz, você esta perdido, e eu tenho de ajuda-lo"

"Me ajudar! Você só pode estar de brincadeira! Eu não preciso de ajuda..." Eu dei as costas e comecei a andar indo de volta para minha casa.

"Garoto, espere, eu não deveria lhe contar desse jeito mas, você morreu..."

Eu parei abruptamente, puto por aquele velho intrometido estar agora querendo me fazer acreditar que morri, como eu poderia estar morto se eu estava respirando, se eu estava bem ali falando com ele.

"Cara, qual o seu problema? Eu posso estar me sentindo solitário, posso estar doente, mas eu não estou morto! Se eu estivesse morto não estaria bem aqui falando com você..."

"Tudo bem, você deve ver com seus próprios olhos, procure seus amigos, seus pais e sua namorada eles te dirão a verdade"

Eu sai andando como se alguem acabasse se jogar a verdade na minha cara como se fosse uma lata de ervilhas, eu fui em direção a casa de Jenny, e ela me ignorou , fui aos meus pais e eles nem sequer estavam lá, e meus amigos. Bom eles também não me deram nenhuma resposta, eu voltei pra casa, ainda puto... querendo ou não aquele velho tinha alguma razão... Ele parecia ter cada vez mais.

Assim que eu abri a porta do meu apartamento, ele estava lá sentado em meu sofá, eu fiquei olhando pra ele com ódio e confuso, mais confuso do que com ódio. Eu fui até minha cozinha, tomei um copo d'água, voltei para a sala, me sentei no sofá e liguei a tevê.

"Jonathan, você não pode evitar, você terá de vir comigo em algum momento"

"Ta, ta bom, vamos supor que eu acredite em você, mas eu preciso que você me prove que eu estou morto, não é assim cara, você não pode ficar me seguindo como um idoso tarado, e depois me dizer que estou morto!"

"Você quer uma prova, esta bem, sabe essa sua rinite, esse seu nariz que não para de escorrer? Bem isso se chama fluidos corporais, você pode estar aqui em alma, mas seu corpo esta apodrecendo, e isso se reflete em você, com o tempo sua alma ficara tão podre quanto seu corpo, e você se tornara uma criatura das trevas, vagando pela terra..."

"Mas... co como isso... não, perae.... não como?"

"Jonathan, vamos comigo, te levarei para que você fique em paz..."

Eu fiquei ali... sentado naquele sofá empoeirado imaginando, o como, o porque e o quando... E ele pareceu imaginar meus pensamentos, e me respondeu.

"Foi a três semanas atrás, você morreu em um acidente de ônibus, a partir daquele dia, você ficou vagando em volta dos locais onde você viveu ou passou em vida, você se lembra do que fez na semana passada?"

"É claro que eu lembro! Eu estava... Eu... Eu não lembro..."

"Bom é isso, agora que você já sabe de tudo, esta na hora de eu te perguntar...
 Você quer ir comigo, ou quer ficar?"


...



Faz um mês hoje... que eu estou aqui... estou me aperfeiçoando na arte de expulsar as pessoas de meu apartamento. O meu modo favorito de fazer isso, é quando eu os acordo no meio da noite depois de passar meus dedos frios por seus corpos, depois de um tempo, eles percebem que eu estou aqui... 

É então que eu mostro a eles minha nova natureza obscura e podre. Mas somente alguns conseguem me ver...Os que não vêem eu me contendo em causar... 

Apenas a sensação de estarem sendo observados...




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