sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Odeio Feriados...



Olá pessoinhas!!!!
Hoje tive a audácia de escrever, mesmo sabendo que vocês querem me arrancar o baço... Não posso prometer que serei pontual, mas posso dizer que o motor ta pegando no tranco de novo. Essa ia ser uma das creepys que eu ia narrar no vloguer... mas não tenho certeza... divirtam-se
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Já estava amanhecendo e eu ainda tentava dormir, eu puxava o que insistia em escorrer pelo meu nariz a cada segundo, minha cabeça doía, minha garganta e olhos. Eu podia continuar tomando os anti-gripais, mas de nada adiantaria, aquilo não era uma simples gripe...

Vocês devem querer saber do que estou falando, eu vou contar.

Era um dia normal de aula, estava frio e chovendo, era normal ver duas ou três pessoas tossindo e espirrando, e eu com minha super habilidade de pegar doenças transmitidas pelo ar, iria logo adoecer. Era véspera de feriado então não haviam muitas gente na escola, fui até a cantina que não tinha fila e tomei um suco de laranja e depois fiquei caçando qualquer vestígio de sol pelo patio. Me sentei em uma escada perto da quadra, perto de mim um cartas póstumo homenageando alguém, mas nem li direito, para o meu azar o sinal do intervalo tocou quando eu desamarrava meus tênis... "droga".

Pelo menos se eu pudesse cabular aula, mas só tinham vindo, eu e mais três pessoas na minha sala, é obvio que notariam, mas foda-se, talvez eu repita de ano mesmo.




Fui sorrateiramente até a biblioteca que estava aberta, milagrosamente, me escondi atrás de uma prateleira que estava tombada, ela era alta e estava uma bagunça por ali, não iriam me achar tão facilmente. Eu também não sou um cara muito alto, sou até baixo para minha idade, eu sei disso, talvez seja o motivo de eu nunca ter tido contato lingual com uma garota, ou é porque eu tenho uma mancha de ferro de passar na camiseta da escola... que seja, talvez esse ano role.

Depois de se passar meia hora ali encurvado, eu tinha de fazer alguma coisa, então comecei a tirar os livros do lugar, os da ultima divisória, aqueles grossos e enormes que ninguém lê. Atras deles tinha um tipo de papelão ou papel de parede, eu nunca tinha visto esse tipo de material, então dei um socão e vi que do outro lado era frio e quando mexi a mão lá dentro não esbarrei em nada. Fui abrindo mais o buraco, e ficou um bom espaço para que eu pudesse passar, mas tive um impasse psicológico, se eu fugisse por ali, deixaria minha mochila, meu celular que estava carregando escondido atrás da porta da sala, e minha pose de bom moço para trás...hum...

Eu passei pelo buraco, com dificuldade, isso me deixou feliz, eu não sou tão magrelo.

Meu corpo se contorceu e passou, eu estava ao lado de uma lixeira, perto de um campo de terra inutilizado, era muito sujo, mas ao longe eu vi o portão do estacionamento e saída, ou eu corria ou eu voltava por onde eu vim, fiquei parado por uns minutos até ouvir uma porta ali perto se abrir. O portão era muito longe, então corri para o muro e o pulei caindo em uma casa abandonada ao lado. Me agachei torcendo para seja lá quem for não ter me visto.

Não viu, então eu me levantei e fui andando pelo lado de fora da casa, em direção ao portão que ficava de frente para a rua, mas me lembrei que uma vez ouvi uns caras mais velhos falando que cabulavam aula em uma casa perto da escola, e eles falavam de umas coisas sórdidas que faziam por aqui... Então resolvi entrar na casa, e não foi difícil entrar, tinha uma taboa solta na porta dos fundos.


Meu deus que lugar nojento, cheio de comida podre, garrafas jogadas e fezes... sim fezes na parede, parece que os caras do terceiro ano se transformam em macacos quando vem aqui! Mas apesar de tudo tinha coisas interessantes também, revistas pornográficas antigas, um bolinho mofado dentro de um armário, e no andar de cima uma cama, mas era bem estranha, tinha correntes presas nela, parece que faziam algum tipo de ritual sexual aqui.

Dei a volta na cama, nojenta de todos os ângulos, e olhei pela janela que estava estranhamente limpa em comparação ao resto do local, a luz que entrava pela janela, refletiu em algo embaixo da cama, era o arrame descascado de um caderno, eu o puxei e ele estava quase sem nenhuma pagina, abri e folheei as dez que haviam, e havia algo escrito.


HIC SOMNO CORPUS ET ANIMAM PECCARE CAPUTNE
Aqui você dorme, aqui você se doa para o pecado, seu corpo e sua alma.


Ao contrario dos filmes de terror, eu não li as palavras em voz alta envolto de velas, apenas li para mim mesmo e mesmo assim, algo aconteceu...

Um cheiro de podre. 

Do colchão da cama começou a brotar algo molhado, mofado e marrom. Parecia uma privada entupida, que jorrava e escorria, mas era uma cama. Aquela gosma estranha começou a fazer o formato de um corpo, pequeno, e então emergiu do colchão. Era uma garota feita de lama deitada na cama. Eu já estava grudado na parede pensando como aquilo era possível.

Estava viva, tremendo e acordada.

- Você esta bem?
Eu perguntei idiotamente, mas é claro que não estava! Ela acabou de emergir de um colchão.
Ela mexeu uma das mãos em minha direção, como se pedisse ajuda, foi o que pensei, mas aquele cheiro de podre... Ela abriu um dos olhos, cheio de vida, de um caramelo tão doce, eu já havia visto antes. Eu me tomei de  uma empatia enorme por ela, e cheguei mais perto, ela olhou para mim mas não pediu ajuda, se tornou maliciosa, seu corpo antes lamacento começava a ficar mais nítido, aquele uniforme...

Ela tocou minha mão e eu ouvi ela dizer meu nome, mas sua boca não se abriu, sua outra mão estava presa na cama com a corrente e as pernas também, eu nunca teria feito nada a ela, nunca a teria tocado, mas ela me pediu, me chamou... Eu a beijei.

Mas senti algo entrando dentro de mim, não era a língua dela. 
Rastejou pela minha garganta, eu senti como se fosse uma barata gigante, eu não pude descolar meus lábios, eu esbugalhei os olhos em desespero e vi que seu rosto havia se tornado de novo uma gosma lamacenta, e eu sugava aquilo para dentro de mim, eu senti seus olhos passando pela minha língua, seus ossos, e um gosto de sangue, e lixo insuportável... Eu á engoli inteira.

E então ela sumiu dentro de mim, a corrente da cama estava ali deixada de lado. E de dentro de mim ouvi uma voz feminina...

-Me leve com você... para a escola...

Eu estava tonto e confuso demais, desci as escadas e peguei o bolinho podre no armário. Sai daquela casa cambaleando e faminto. Havia um gato vira-lata do lado da casa... Eu lutei para não come-lo, mas comi o lixo em que ele fuçava. Eu cheguei no portão do estacionamento... e é só disso que me lembro.

Minha mãe me disse que me acharam desmaiado embaixo de uma prateleira na biblioteca, disseram que e bati a cabeça muito forte. E agora estou em casa de repouso, todos acham que fiquei gripado debaixo de toda aquela poeira, mas só eu consigo ouvir ela se rastejando dentro de mim, e sussurrando...

Deixe-me sair...



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