segunda-feira, 8 de julho de 2013

Questão de Perspectiva...



Predador ... Eu não sei porque, mas eu nunca me adaptei a lugares comuns, em lugar nenhum. Sempre tive uma aura que fazia com que as pessoas sentissem medo de mim, mas na verdade dentro deste emboscado de carne, bate um coração, mesmo ele sendo cinza.




Essas coisas acontecem, basta a negligência dos pais, algumas surras na escola, e algumas rejeições femininas para o cara se tornar assim, como eu. Frio, desumano, cruel... Talvez por isso meu coração tenha se tornado cinza e meu sangue negro, por que a maldade tomou conta até mesmo do meu corpo.

Depois de um tempo isso também transpareceu na minha pele, começaram a aparecer fissuras cheias de sangue, como se eu estivesse secando. Com o tempo vem a fome... Essa é a pior parte, é nessa hora em que eu começo a acordar a noite, com uma dilacerável vontade de sangue.

Eu sei, eu me tornei um monstro, mas quando olho para aqueles seres sujos e suados que chamam de humanos, me lembro de mim, de como eu podia antes, ter sido uma vitima tão fácil para seres como eu.

Agora mesmo, estou observando minha presa, é uma mulher viçosa que esta acompanhado do que parece ser sua filha, elas estão aqui no parque despreocupadas, mas são nove da noite, e as ruas estão se esvaziando.

Eu estou entre uma moita e uma arvore, me mexendo apenas o bastante para me assemelhar ao vento, assim ninguém me notaria. Mas quando dei meus primeiros passos a garota se virou e puxou a mangá da blusa de sua mãe que estava sentada no banco lendo um livro. A garotinha apenas lhe perguntou:
"Mamãe o que é aquilo?"

Pronto eu havia sido descoberto, e há uns dez metros de distancia eu comecei a correr... Salivando por seu sangue.



Presa ... "O que é aquilo?"

Foi a primeira coisa que pensei quando Samanta interrompeu minha leitura, ele era... Não era humano, o corpo destroçado, pele despedaçada e embebida em sangue, seus olhos eram buracos negros. Quem diria...

Está tarde eu cheguei mais cedo do trabalho, e fui a creche buscar Samanta para passarmos um tempo juntas, meu marido sabia para onde estávamos indo, por isso eu achei que seria seguro ir ao parque, e ela estava tão feliz fazendo bolhas de sabão... Mas tudo isso acabou em um minuto.

Agora eu olhava para trás, tentando acreditar que aquela criatura era real, porque parecia com um monstro mas também com um homem, que acabou de ser destroçado por um caminhão.

Tudo foi tão rápido, apenas o que consegui dizer foi "Samanta, Corra para casa", ela sabia onde era, e era perto. Ela correu. E eu parecia estar paralisada, aqueles olhos negros e profundos pareciam me hipnotizar, eu não podia me mexer. E ele vinha correndo de forma arrastada e nojenta, chegando cada vez mais perto, ele me olhava tentando prever meus movimentos se eu tentasse fugir.

Ele agora havia chegado até mim, me olhou e esticou sua mão magra para agarrar meu pescoço, eu fui erguida pelo menos a um metro de altura, ele começou a abrir a boca... Ela se abriu o bastante para que eu conseguisse passar meus ombros por dentro dela. Mas antes que eu fosse engolida, eu senti minha alma sendo tirada de mim, me senti gelada, pálida e morta. Mas ele ainda não havia terminado.

Fui arrastada para de baixo de uma ponte no parque, que dividia as entradas leste e oeste, lá em baixo era escuro úmido e cheio de ossos secos... Ele primeiro quebrou uma das minhas pernas e arrancou a de mim, eu gritei mas estava tão silencioso que com certeza não havia ninguém na rua para me ouvir, ele comeu a carne de minha perna arrancada como se fosse uma costela de porco. Ele fez isso com um dos meus braços também... Ele parecia querer me manter viva o máximo de tempo possível, mantendo a "comida fresca".

Eu desmaiei... mas quando abri meus olhos estava dentro dele, tendo da minha cintura para baixo sendo triturada por algo que pareciam engrenagens. A dor era tão intensa que eu não conseguia gritar, falar e meu único braço estava preso... Foi quando houvi um tiroteio, senti uma bala perfurar meu braço bom, e então o monstro caiu, as engrenagens pararam e eu vi um rasgo sendo feito bem na minha frente... era uma faca que passava pela pele árida do monstro, foi quando vi meu marido e dois policiais pela fresta de carne.

Agora eu vivo em uma cama, apenas com um braço, e muitos órgãos comprometidos. Mas não sei como sobrevivi, eu apenas tento entender isso todos os dias. Mas uma coisa que ninguém conta sobre sobreviver á uma coisa assim... é que isso é uma infecção.

E todas as noites eu tenho forças para me levantar e sair pela janela. 
Pois eu sindo uma vontade dilacerável de engolir almas e sangue.



8 comentários:

  1. A assustadora CLP voltou...para nossa alegriaaaa!!!!!

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  2. É isso o que gosto em você,nossa docemente assustadora e danada CLP;você vai direto ao ponto,sem muita lenga lenga,como eu vi em uma Creepy dos Links Sinistros.
    Você é irreversivelmente encantadora,mas de uma forma sombria! *--=--*
    Agora sei quem era o primeiro garoto :3 Um infectado...
    Tava imaginando:"E se,algum dia,a CLP começasse a fazer podcasts de terror no seu blogue???" ;)
    Seria interessantíssimo *0*

    P.S:Gostei da troca de pontos de vista dos personagens,nháa Ç..Ç
    ;*

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  3. Simplesmente excelente C.L.P.!
    Poderia contar para nós, seus humildes fãs, o que está impedindo a regularidade das tuas postagens?

    *well, langerie day is coming*

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    1. então né... nham...
      Eu to muito vagaba esses meses.
      Acho que é preguiça afinal =X Não me matem....

      O.O

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  4. Olá Claudia,
    Posso postar essa no MS ?
    Colocarei os devidos créditos.

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    1. Olá pode sim se não estiver conseguindo copiar, por causa do codigo me fala viu...
      ^-^ valeu por divulgar lol

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