segunda-feira, 19 de março de 2012

Tramas da Vida




Alguma vez você já teve a sensação de que alguém estava em sua casa, e apenas pensou:

"Eu não quero saber" e deixa pra lá?

Às vezes, a duvida do desconhecido simplesmente parece ser a melhor opção do que a de enfrentar um perigo real e concreto. Normalmente não é nada, no entanto. Uma vez, minha secretaria eletrônica ligou, do nada, quando eu era a única em casa. Ela só podia ser ligada manualmente pelo botão. Outra vez, eu juro que alguém mudou minha mesa de lugar.



Mais as vezes são apenas truques da mente.

Mas o que você faz quando acontece algo verdadeiramente real?
Você corre, ou simplesmente ignora, como eu fiz?

A segunda-feira tinha tudo para ser um dia normal. Levantei-me, escovei os dentes, coloquei a roupa da escola

Fiz todo o meu meu ritual matinal.

Parecia que seria mais um dia totalmente normal, até eu ver aqueles fios.

Havia três ou quatro fios de uma corda grossa no meu quarto. Eles cruzaram-se entre as paredes ao redor da minha cama, ligando à porta. De jeito nenhum eu teria notado aquilo ali antes, eu deveria ter pisado sobre eles. Eles foram amarrados em ganchos nas paredes, que também não existia á 10 segundo atrás.

Ninguém poderia ter entrado no meu quarto enquanto eu estava no mesmo, muito menos armar tudo isso. Era cedo, e meu cérebro não estava processando as informações corretamente. Eu simplesmente desacreditei no que eu via, desatei as cordas e fui para a escola, deixando um embolado delas sobre minha cama.

Não ficou melhor quando sai de casa.

Em minha rua havia centenas de emaranhados de cordas, entre as casas, em torno de carros, nas pessoas ... Isto tinha de ser alguma brincadeira muito bem elaborada ou desses shows de câmera escondida. 

Todas as pessoas foram emaranhadas entre elas, amarradas em objetos que estavam no caminho, em suas direções, que se estendiam até muito longe, como se os caminhos tivessem sido tricotados para mostrar o curso traçado para as pessoas.

Eu segui meu caminho até a escola. No ônibus, cada um, exceto eu estava amarrado à porta. Na escola, um grupos de amigos foram amarrados uns aos outros, professores foram amarrados em suas mesas. Curiosamente, neste momento tudo que eu podia imaginar era por que eu tinha sido deixada de fora... Mas ai me lembrei de que desatei meus nós antes de sair de casa.

Quando minha amiga Lucy sentou ao meu lado no primeiro período, ela simplesmente jogou sua bolsa em baixo da mesa e descansou o queixo sobre as mãos, olhando em direção a janela.

"Hey Lucy." Nenhuma resposta.

"Vamos lá, eu não esperava que você estivesse nisso também. "

Ela suspirou e começou a tirar livros de sua bolsa. Todos os livros estavam amarrados às suas mãos. Sorri, e puxei uma das cordas de um livro. Ela não pareceu notar, em vez disso simplesmente deixou o livro cair ao chão, sem dar nem um ar de surpresa.

"Hum . . ." Inclinei-me, pegando seu livro e colocando-o de volta em sua mesa. Ela não deu atenção.

"Bem, se é assim que vai ser".

Sorri, tentando parecer divertida, mas realmente apenas tentando esconder meu nervosismo. Eu agarrei todas as cordas ligadas nas costas dela e as puxei arrancando-as e de repente. Ela piscou, e olhou para mim.

"Caramba, Maxyn! Você é um ninja ou algo assim. "

"Eu estou sentada aqui á uns dez minutos." Sorri novamente, aliviada por minha amiga ter finalmente me notado.

"De onde todas essas cordas vêm?" Ela ofegou, aparentemente notando-as pela primeira vez.

"Eu não sei... Achei que você estivesse brincando comigo ..."

Ela se levantou assustada, esgueirando-se em um canto. E notou a classe toda atrás de nós.

"Eles não estavam aqui a um minuto atrás! Você pode vê-los também !? "

O tom deixou claro que ela estava genuinamente assustada.

"Sim... Eles estão por toda a parte".

Eu fui interrompida por meu professor, que acabava de entrar na sala, fechando a porta em seguida. Todos, exceto eu e Lucy murmurou um bom dia, e ainda, ninguém parecia prestar em nós, como se não estivéssemos ali. 

"As pessoas estão me ignorarão o dia todo". Eu disse a Lucy, me virei em direção ao meu professor e disse:

"Hey! Puto idiota! Você não pode ensinar outra merda!".

Lucy ficou sem reação.

"Eu estou ficando farta de toda essa merda." Lucy saiu desesperada, e em agonia tentando desviar de todas aquelas cordas em nosso caminho e eu a segui.

Nós perambulamos pelos corredores, pela diretoria e entramos e saímos das salas cheias de alunos.

Sem que ninguém sequer notasse nossa passagem. Sempre que cortávamos os fios que ligavam as pessoas, seja a uma cadeira ou um livro, era como se de repente essas coisas não importasse, mas para eles.
Aquilo não existisse mais.


Estamos tão ligados a coisas materiais e a rotina  que mal notamos o mundo a nossa volta, por isso talvez nesse instante alguém possa estar planejando, cortar os fios que te ligam a vida . . .


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