segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Lullaby Rock : Memórias de Candle Cove







Algumas crianças gostam de sentir medo. Elas não encontram coisas divertidas para fazer, como pintar as paredes, ou brincar na rua, elas gostam do medo e da insegurança, isso lhes dá uma vibração perfeita que faz com que fiquem ansiosas e quase sempre bastante entretidas, mas depois de um tempo elas passam á acreditar em qualquer outra baboseira, ou crescem o bastante para se tornarem fãns de algum ícone pop adolescente, e assim se afastam de coisas que deveriam lhes dar medo, mas lhes atraiam.




Candle Cove fez isso por mim. Talvez fossem os bonecos esquisitos. Talvez tenha sido as musicas tema do seriado que era sobre cavernas assombradas, piratas assassinos e pele de solta em esqueletos. Talvez fosse o modo rústico de como filmavam e a qualidade de som. Fosse o que fosse eu tinha cinco anos de idade em 1971 e assisti ao programa piloto, enquanto a mãe estava no telefone, eu coloquei um vídeo cassete sem nome dentro do aparelho de VHS, e descobri o que havia sido gravado por cima de um vídeo qualquer de aniversário. Deparei-me com o show e fiquei imediatamente vidrado nele.

Eu estive lendo recentemente, sobre essa teoria de que o show era apenas um sinal fraco de estática, e esses rumores sobre este "episódio da menina gritando" que, aparentemente, era um sinal do canal de 58 ondas. Eu posso dizer a você agora, não foi apenas estática. No entanto, não posso confirmar a existência do segundo episódio da temporada de doze, porque eu não tive a chance de vê-lo. Afinal, eles só foram ao ar uma vez. Esta é a história de como eu deixei de vê-los.

Era uma terça-feira, 21 setembro, 1971, eu chegava da escola em Volkswagen velho e desajeitado da minha mãe. Como não havia nada de particularmente que interessasse minha mãe na programação da televisão, ela me deixava assistir por uma hora, enquanto ela montava sua bicicleta ergométrica no porão. E, claro, naquele dia, assim como várias semanas que antecederam, eu assisti Candle Cove, no canal de 58 ondas local.

Era o episódio seis da primeira temporada, que eu viria a descobrir, foi chamado de "Crash navio". Apropriadamente, a premissa envolve Percy meditando sobre a linda canção das "Sereias" (cantada por uma mulher ritmicamente, ao fundo) junto com a canção e era mostrada a cena dos ventos levando o navio a uma pedra grande e irregular que se projeta para fora das águas em um canto da enseada, ao bater na pedra o navio se danifica, pois o capitão esta adormecendo assim como os outros tripulantes. O resto do episódio envolve Janice e Poppy freneticamente tentando reparar sua nave antes de afundar, o tempo todo lutando contra o sono.

Eventualmente, eles deixam o navio para trás e mancham até uma árvore estranha crescendo perto do pico da rocha montanhosa e decidem que farão de grande tocha para chamar ajuda, assim Janice vai buscar um pouco de madeira. Em sua viagem, ela começa a sonâmbula, que é como ela se depara com Siren Susan.

Susan, como a maioria dos outros personagens da série, era um projeto barato, mas quase intencionalmente estranho: Ela não era um boneco, mas uma atriz, com seu corpo e rosto pintado de branco esverdeado, causando-lhe uma palidez, seus lábios eram de um laranja vibrante. Ela estava vestida bem inadequadamente para um programa infantil, os seios apenas a mostra, em um sutiã metálico, um colar que servia como uma coleira. Sua parte inferior também era formada desta maneira, uma calcinha metálica, com uma corrente grande á segurando pela cintura e essa corrente estava presa á rocha por trás dela. Sua cabeça era coberta por um capacete na metade superior da cabeça, seus olhos e nariz, eram escondido por este para fazê-la parecer mais com um "desenho animado", mas ele também tinha uma cor verde-claro, e abaixo dele via-se o cabelo longo e ondulado de cor laranja, assim como seus olhos laranja, tudo combinando com o batom.

Siren Susan explica á Janice que ela foi condenada a "Lullaby Rock" séculos atrás, quando uma frota de navios quase caiu devido a sua canção hipnótica do sono. Janice lamenta que ela não possa libertar Susan, mas promete voltar para visitar se Susan, se ela atrair outro navio (sem batê-lo) para a rocha para resgatá-los. Susan concorda, e canta uma canção de paz sobre "seu trabalho duro no mar".

Quando Susan começou cantar notei que naquele dia, eu havia chegado da escola, especialmente drenado. Não me lembro muito bem o que tinha feito no jardim de infância aquele dia, que me deixou tão exausto, só me lembro de estar cansado. Assim, segui o conselho de Susan, eu mudei de posição no sofá, me deitando e deixando meus olhos afundarem. Apenas alguns segundos depois tudo estava escuro, eu ouvi o final da canção, e Janice ria feliz por Susan conseguir o navio, então Susan falou:
"Agora, veja isso."


Meus olhos se abriram, ansiosos para ver o que tinha acontecido. Mas eu estava em outro lugar. O quarto todo branco, assim como os lençóis da cama. Haviam máquinas para auxiliar a respiração. Um pequeno tubo estava enfiado no meu braço conectado á uma bolsa pendurada com líquido claro. Eu queria tocá-lo, mas tinha medo da dor. Eu queria gritar, mas havia um grande tubo enfiado em minha boca. Eu queria chorar, lutar e chutar, mas eu estava muito fraco, então me contentei soluçar. Depois de alguns minutos, uma mulher em um vestido branco chegou correndo e chamou um médico, que simplesmente apareceu calmamente, e ficou me olhando e me estudando, ele chamou minha mãe, ela apareceu soluçando e chorando. Depois de ser desconectado de todas as máquinas, eu e minha mãe trocamos nossas lágrimas de felicidade, ela sentou ao meu lado e me explicou que eu estava em coma há quase dois anos. Ela havia me encontrado dormindo no sofá de uniforme com a televisão passando apenas estática.

Os médicos nunca me deram uma resposta direta do por que isso aconteceu comigo, então quem poderia saber? Eu só comecei a pensar nisso de novo cerca de uma semana atrás, em torno de um mês após o funeral da mãe.

Eu estava passando por alguns recibos em uma gaveta da cozinha, havia recibos de impostos, contas pagas, cupons de supermercados, e um envelope com o selo da NASA, ele estava vazio... mas pelo tamanho dele eu notei que poderia ser uma carta, ou poderia ser o tipo de envelope em que se mandam cheques a data do envelope era de 27 de dezembro de 1971, no período em que eu estava em coma. 



4 comentários:

  1. Primeiramente devo parabenizar o blog, as creepypastas são perfeitas, e seu outro blog também é maravilhoso, desde pequeno gosto dessas 'coisas sombrias' e sou viciado em creepypastas e filmes de terror, gosto de escrever um pouco e tudo e desenhar coisas sem nexo (arte abstrata já que não sei desenhar bem), e vejo que temos muito em comum Cláudia! Já sou um fã de de seus blogs, e um admirador de seu trabalho MARAVILHOSO!


    Ah, e não entendi o final dessa creepy, já tinha lido antes sobre o 'Candle Cove' e me chamou muito atenção, mas não entendi o porquê de uma carta da NASA na gaveta junto com recibos, pode me explicar? (Não sou lerdo, leio MUITAS creepypastas e entendo todas, mas essa não entendi!)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá David lol muito muito obrigado mesmo XD fico muito feliz que tenha gostado dos blogs e tudo mais ~(^-^)~.Ah eu sei como é desenhar coisas sem sentido U.U seicomé... Bom então... acontece muito de não entenderem as creepys... normal.

      Caramba... vou tentar explicar... esse garoto via Candle Cove, que era uma forma de lavagem cerebral na criança... mas como essa lavagem teve um efeito diferente nele... a NASA resolve investigar... ô.o nhé acho que é isso rsrsrrs

      Bjuss Obrigado e Inté mais lol

      Excluir
    2. Não precisa agradecer, você faz seu trabalho perfeito que é cuidar desses blogs maravilhosos, e eu faço meu dever que é te elogiar e elogiar seu trabalho, por isso não precisa agradecer!

      E obrigado por me explicar a creepy, eu adoro essas creepys que tem o tema como nostalgia, lembranças que não temos certeza se são reais ou não, eu tenho muitas memórias que não sei ao certo se aconteceram ou não! :X

      Excluir