quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Para Sempre Juntas...





Eu a assisti, incapaz de reunir coragem ou força para correr até ela, enquanto ela caia da beira de um penhasco. Minha voz estava rouca de tanto gritar seu nome, mas quando seu corpo já estava na água, submerso, não havia mais nada que eu pudesse fazer, a não ser gritar...




Eu estava gritando por ajuda, para que todos pudessem vir e salva-la, para que o pesadelo acabasse. A imagem na minha cabeça, dela, finalmente emergindo na água, imóvel, me assombrou. Seu cabelo longo, preto estava emaranhado em algas. Minha mente estava entorpecida, eu estava entorpecida, e o mundo inteiro em torno de mim era só um ruído distante, enquanto eu me concentrava em não pensar em nada, mas e pensava nela, deitada lá, enquanto os paramédicos apareceram na praia. Ela não pôde ser salva. E eu estava na beira do penhasco, e só podia observar a cena....

Eu acordei.

Eu tive esse pesadelo recorrente durante um ano, e faz um ano que ela morreu. Você acha que poderia ficar melhor, se estivesse em meu lugar. Que poderia esquecer.

Mas não no meu caso... Ela vem cada noite.

Todas as noites... Sem falta.

Uma noite, ela apenas se senta na ponta da minha cama, cantarolando baixinho enquanto seus cabelos ficam voando com o vento. Outras, ela está sentada na cadeira ao meu lado, em silêncio, de costas para mim.

É terrível quando acordo, e sinto uma pressão esmagando meu peito, e encontro-a sentada em minhas pernas, prendendo-me para baixo. Eu nunca vejo seu rosto. No início, ela era apenas um brilho fraco, e isso era reconfortante, mas a cada dia sua figura ficou mais forte, começando á mostrar as cores vivas de seu cabelo e vestido, tornando-se mais fácil de ver. Ela está quase completamente nítida agora, só mais uma noite e ela vou estar completamente na presença como minha irmã de novo.

Amanhã, é o aniversário de sua morte. Amanhã, eu poderei ver seu rosto.

Quando acordei, o sol da manhã penetrou minhas cortinas, e eu me levantei. Desci até o túmulo da minha irmã e coloquei um monte de lírios sobre o túmulo. Eles sempre foram sua flor favorita.

Eu fui para a cama e adormeci. Como de costume, fui acordada ás 3 da madrugada com a luz do relógio tão brilhante que eu poderia ver através das minhas pálpebras. Abrindo os olhos, vi minha irmã, de pé na beira da cama, de frente para mim. Seus olhos estavam fundos e seus lábios estavam rachados da água salgada, embora estranhamente eu me senti reconfortada.

Ela não falou nada, apenas me guiou para fora da porta da frente, até a borda do penhasco.

Suas intenções só se tornou claras quando ela agarrou-se aos meus braços.

Meus olhos se encheram de lagrimas quando ela saltou, puxando-me junto com ela.

Eu bati na água muito fortemente e fui jogada ás rochas várias vezes até estar imersa totalmente, eu fiquei apenas lá paralisada. A superfície se afastou a cima de mim, meu cabelo preto brilhante se envolveu em meu corpo.

E foi ai que vi a imagem de minha irmã ao meu lado, sorrindo..
Ela sussurra então em meu ouvido

"Agora ficaremos juntas para sempre... Eu te perdoou"

Um comentário:

  1. Boazinha...

    Talvez causaria mais impacto se fosse a mãe dela. Cheguei até pensar nisso quando li "senta na ponta da minha cama, cantarolando baixinho...".

    Além disso essa história de vingança/ morte-causada-por-espírito e afins é um pouco batida e sem sal. Não que a personagem não pudesse morrer no final, mas seria mais interessante se ela tivesse se jogado por conta, por consciência pesada e tudo o que ela viu não passou de alucinações por causa de sua culpa.

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